Sara Sousa
Observando os noticiários
sobre a situação da seca na região do Nordeste, me lembrei de outro difícil
momento que o nosso povo passou, momento esse que fez a família da escritora
cearense, Rachel de Queiroz, fugir do Ceará para se salvar no Rio de Janeiro
e depois no Pará, este fato levou a autora em 1930, escrever sua primeira obra, O
Quinze.
Em sua obra inaugural,
Rachel de Queiroz descreve o drama dos retirantes que sofreram uma das maiores
secas que assolou o Ceará em 1915.
A obra capta o sofrimento
das pessoas que tentavam sobreviver a fome, a sede e ao desalento de uma época seca
de tudo. O cenário é descrito com riqueza de detalhes, é capaz de me rebuscar momentos no qual eu nunca vivenciei, que estão guardados, a sensação de garganta seca é uma constante.
Envolto no drama, o
romance se sobressai frente a dor dos retirantes da seca, sendo vistos de uma
perspectiva que harmoniza o setor social na obra, no entanto, sem perder o foco
para os temas políticos da época.
A história é rodeada de amarguras. Bastaria
a saga da família de Chico Bento para marcar o romance com as cores negras da
desgraça. A morte está por toda parte. Morte de gente e de bichos.
Rachel de Queiroz situa sua história de romance no interior do Ceará, no ano de 1915. O ano e cenário escolhido se remetem ao fato histórico importante da época, a própria seca, obrigando os filhos da terra, principalmente do sertão, a migrarem para o Amazonas ou para São Paulo, em procura de uma vida melhor. A história é contada em linha reta, valorizando o presente, o cotidiano das pessoas. Vez por outra a história volta ao passado.
O cenário do romance é o Ceará. Especificamente, a região de Quixadá, onde se situam as fazendas de Dona Inácia (avó de Conceição), do Capitão (pai de Vicente) e de Dona Maroca (patroa de Chico Bento).
Há também, o cenário urbano, a capital cearense em Fortaleza, local onde migram os retirantes e onde mora Conceição, a protagonista da obra.
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