segunda-feira, 23 de maio de 2011

Resenha: Documentário "A carne é fraca"


O consumo da carne e a água do planeta
O documentário “A carne é fraca” foi produzido em 2005 pelo Instituto Nina Rosa a fim de provocar uma reflexão sobre as consequências do consumo da carne, sejam elas ambientais, sociais ou questões que envolvem a saúde humana e  direitos animais.
O primeiro bloco do documentário aborda a questão ambiental e mostra como a produção da pecuária no Brasil pode ser prejudicial aos nossos recursos hídricos.
Para falar sobre o assunto, podemos ver os depoimentos de Washington Novaes (Jornalista), Christian Guy Caubet (professor titular do departamento de Direito da UFSG) e  João Meireles Filho (Instituto Peabiru Belém do Pará).

Washington Novaes começa explicando que a pecuária é uma prática que cada vez mais está se complicando devido as suas consequências ao meio ambiente. O jornalista afirma  que em sete anos, dobrou a produção anual de carne no mundo, passando de 250 milhões de toneladas.
O professor Chirstian Guy complementa dizendo que o impacto para os recursos hídricos é muito grande. Por exemplo, a população de suínos é equivalente a 45 milhões de humanos, sendo seus dejetos são de 7 a 8 vezes mais do que uma pessoa produz por dia. Esses dejetos acabam indo para os pequenos açudes sem receber o tratamento adequado, levando bactérias e vírus para as águas, infiltrando nos lençóis freáticos (juntamente com hormônios e medicamentos que são dados ao animal) e por fim chegando ao mar mais de 100 milhões de toneladas de resíduos por ano, provocando uma disseminação descontrolada de algas que, quando se decompõem, causam um perigoso impacto sobre a biodiversidade.

João Meireles fala com convicção que a água do planeta está sendo comprometida pela pecuária: “O que o boi produz de estrume pode conter bactérias e outras substâncias que chegam até as águas de consumo humano.” E o Christian Guy completa: “Hoje em dia, cerca de dez mil pessoas morrem no mundo inteiro por causa de doenças veiculadas à água.”
No documentário também é mostrado um quadro de valores de água gastos por animal divulgado pela FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação). Um boi, por exemplo gasta 35 litros por dia, para bebida e asseio do animal. Da mesma forma o porco, gastando 15 litros por dia, a vaca leiteira com 90 litros, entre outras espécies de consumo humano.

Além de todo esse impacto para as águas do planeta, o documentário aborda a questão da emissão de gases nocivos para a camada de ozônio, o desmatamento da amazônia tanto para serem feitos os pastos, como para a produção de alimento para os animais (cereais, soja, entre outros) e o problema da exportação do produto. Também é mostrado todo o procedimento que é feito até a carne chegar a sua mesa.

As cenas são fortes, mas o documentário não chega e ser apelativo, é mostrada uma realidade que muitos ainda tentam negar ou omitir, porém é uma questão que precisa ser repensada, bastante discutida e que vai muito além da crueldade com os animais. Mesmo que a decisão final da população não seja parar de consumir carne, pode ser feita uma redução significativa desse ato. O que se pode fazer também é exigir do fornecedor uma cautelosa fiscalização desse produto, já que existem várias empresas no Brasil que não obedecem as leis de produção, causando vários problemas ambientais sem sofrer qualquer punição.
*Confira o primeiro bloco do documentário onde são tratatas essas questões:



Postado por: Patrícia Mendes.

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