Oito anos após a
implementação da Agenda 21 de Fortaleza, Plano Diretor de Arborização Urbana ainda não
existe
Documento era visto
como fundamental pela gestão para traçar diretrizes a ações municipais de
arborização. Em final de mandato, Prefeitura deixará formulação do Plano para
próximo governo
Todas
as manhãs, José Iran de Melo, 38 anos, comerciante, caminha para o
trabalho. Percorre quatro quarteirões até a avenida Jovita Feitosa, no
bairro Parquelândia, sob forte sol e poucas sombras. “Como quase não há
árvore
por aqui, a gente sente a temperatura muito alta e com a sombra que elas
produzem eu poderia me proteger
melhor do sol”, reclama Iran.
A queixa de muitos cearenses a respeito da pouca quantidade
de árvores na capital Fortaleza, ao que tudo indica, vai se estender. Desde
2005, quando foi criado o Fórum Agenda 21 de Fortaleza, entidade responsável
pelo processo de construção das diretrizes da Agenda 21 (ler no Saiba Mais) na capital, pouca
coisa foi decidida e realizada na área de arborização urbana.
De
acordo com Flávia Oliveira, consultora técnica e secretária
executiva do Fórum, devido a mudança de gestão municipal, não há mais
tempo
para entregar o Plano Diretor de Arborização Urbana do Município,
documento que conduziria o planejamento do plantio e conservação de
árvores em
Fortaleza. “Passamos pelas duas primeiras fases. Realizamos muitos
seminários
com a participação da sociedade, sobre vários temas inclusive no quesito
arborização. O segundo passo, ainda nessa área, era a entrega do
Mapeamento
Arbóreo de Fortaleza, e o terceiro seria a elaboração do Plano Diretor
de
Arborização Urbana do Município, para ser levado à Câmara dos
Vereadores”, explica
Oliveira.
O Mapeamento Arbóreo a que se refere a secretária executiva, previsto para ser apresentado em agosto de 2012, foi entregue três
meses depois, em novembro – a pesquisa concluiu que 29% do território de
Fortaleza é de área verde. “Precisaríamos de quatro ou cinco meses elaborando o
projeto inicial do Plano Diretor, fora a tramitação dele na Câmara. Não
dispomos mais desse tempo, mas estamos satisfeitos com a entrega do Mapeamento”,
completa Oliveira afirmando que com a chegada de um novo prefeito, não há
garantia de continuidade na elaboração do Plano Diretor de Arborização Urbana do
Município.
Planejamento
Embora dados da Secretaria de Meio Ambiente e Controle Urbano
(Semam) e da Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb), apontem um
aumento do número de árvores plantadas em espaço público neste ano - -, em comparação a quantidade de árvores
retiradas - -, a arquiteta, urbanista e
professora da Unifor, Fernanda Rocha, avalia a ação como ineficiente, pela
falta de planejamento. “Acredito que a reclamação dos cidadãos quanto a pouca
quantidade de árvores deve considerar a percepção das alterações dessas
condições ambientais, muito mais que a relação apenas numérica entre
quantidades de plantio e retirada das mesmas. Há que se considerar, por exemplo,
o porte das árvores dos plantios e os locais nos quais estão sendo executados,
pois quando identificamos a retirada de árvores no meio urbano, via de regra,
isto acontece quando elas já são adultas e estão em locais de grande
visibilidade, como calçadas movimentadas, praças ou terrenos densamente
vegetados”, analisa.
Fernanda reitera a necessidade de um planejamento urbano que
comporte o processo organizado de arborização, e que pense na acessibilidade da
área verde na cidade.
Saiba Mais
Aprovado durante a Rio-92, Agenda 21 é o documento que contem
compromissos para mudança do padrão de desenvolvimento no século XXI,
predominando o equilíbrio ambiental e a justiça social entre as nações.
Planeja o futuro de forma sustentável, envolvendo as esferas federais,
estaduais e municipais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário